Um profissional essencial para fluidez e segurança no trânsito dos municípios, mas muitas vezes uma categoria incompreendida. O agente de trânsito é a figura do Estado que faz o elo entre o poder público e a sociedade nas questões relacionadas ao trânsito, nas vias das cidades. “Tal como consta no Código de Trânsito Brasileiro, temos que dar prioridade nas ações em defesa da vida”, ressalta o presidente do Sindicato Estadual dos Agentes de Fiscalização de Trânsito e Transporte do Estado do Rio Grande do Sul (SINDATRAN-RS), Leandro Rodrigues Machado.
Entre as dificuldades acompanhadas pelo sindicato, que representa profissionais de 52 municípios gaúchos, está uma rotina de ameaças e agressões, que dificulta o exercício da função, conforme o técnico em Trânsito e Transportes e diretor Administrativo e Financeiro do SINDATRAN-RS, Paulo Marques. “Além disso, há infratores que não aceitam autuação ou recolhimento de seu veículo e passam a perseguir o agente. Descobrem seu endereço, fazem ameaças a ele e sua família”, alerta Marques e completa: “Muitos agentes perdem sua vida na tentativa de organizar o trânsito, mas não têm o devido respeito de uma parcela da sociedade e por parte dos gestores, os quais não mostram interesse em melhorar nossa segurança e condições de trabalho.” Nas redes sociais estas agressões são amplificadas, como observa o presidente do SINDATRAN-RS, que aponta a exposição da figura do agente, na qual muitos comentários fomentam o ódio e raiva contra os profissionais.

A falta de apoio dos governantes é criticada pelo diretor de Esportes, Lazer e Relações Sociais do sindicato, José dos Santos Blal. “O papel de fiscalizador é muito importante para o cumprimento das leis, mas não somos valorizados pelo nosso trabalho, somos vistos como arrecadadores e sem bom senso.”
Dentro do funcionalismo dos municípios, a categoria é uma minoria e muitas vezes esquecida pelas entidades representativas de servidores. “Somos uma categoria ‘apartada’ das demais e necessitamos de uma representação forte, comprometida com a causa e com muita empatia”, resume Machado. Uma das situações recorrentes vivenciadas é de falta de condições adequadas de trabalho, como em relação aos equipamentos e viaturas, mas que lentamente está melhorando, como pondera o diretor jurídico do sindicato, Henrique Monaiar.
O exercício da função depende de muito esforço dos profissionais, mesmo diante de situações de desvalorização, como salienta o diretor de Imprensa e Comunicação do SINDATRAN-RS, Fábio Ricardo Cavalheiro da Silva. “Desvalorização e baixos salários praticados nos municípios causam sobrecarga e desmotivação entre o grupo, tendo em vista que são praticamente obrigados a desempenharem atividades paralelas”, alerta Silva.
Padronização da categoria
Uma das importantes bandeiras defendidas pelo sindicato que representa os agentes de trânsito é a padronização da atividade. Para isso, Machado explica que é preciso a união entre sindicatos e entidades representativas da categoria para regulamentação em nível nacional que assegure direitos e deveres destes profissionais. Com a frustração da tentativa de regulação estadual no Rio Grande do Sul em 2015, é em Brasília que o Sindicato concentra esforços para que os agentes possam ter maior clareza das suas funções, requisitos básicos e direitos diante dos órgãos municipais, como revela o presidente e afirma que enquanto isso não ocorrer, os agentes continuarão dependendo do entendimento dos gestores das cidades onde atuam “Os agentes ficam expostos a cada nova administração e sem segurança para a devida execução de suas funções”, critica.
Aproximação com DETRAN e CETRAN
Através do sindicato, as demandas da categoria também foram aproximadas de órgãos como Conselho Estadual de Trânsito do Estado (CETRAN-RS) e Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS). “Em contrapartida, o SINDATRAN-RS pode realizar de maneira mais eficiente e eficaz o repasse de informações/atualizações diretamente aos agentes que trabalham na ponta e que, muitas vezes, demoram muito para terem acesso ou sequer o tem, por se perderem nos trâmites formais e burocráticos.”
Investimentos
Estímulo ao crescimento e fortalecimento da categoria é preciso e para isso é necessário lutar por leis que ofereçam estes avanços na esfera federal, conforme Blal. “Somos forte unidos onde o objetivo é salvar vidas e dar fluidez ao trânsito de pessoas nas vias públicas, além de ver nossa categoria valorizada para atender melhor a nossa população.”
União que se fortalece através do sindicato, como avalia Machado. “As dificuldades sempre existiram e existirão, a diferença é que após duas décadas da carreira e lutas isoladas em cada município, agora temos como ser representados por um órgão específico para isso”, conclui presidente sindical e comemora o crescimento do número de filiados, motivados pelos benefícios ofertados pelo sindicato, como as ações em defesa do interesse da categoria, a criação do site do SINDATRAN-RS e o Cartão do Filiado. “Nos levam a crer que só aumentaremos nossa força e número de filiados.”